Introdução
Muita gente se assusta ao ouvir o diagnóstico de hérnia de disco. É comum o paciente imaginar que precisa parar tudo, evitar esforços e viver com medo de sentir dor.
Mas, na prática, o que vejo no consultório é justamente o contrário: o movimento certo é o que devolve liberdade e alívio.
A hérnia de disco não surge da noite para o dia. Ela é o resultado de anos de maus hábitos, sobrecarga e sedentarismo, que fazem o corpo perder a capacidade natural de se proteger.
Quando o disco “pede socorro”

O disco intervertebral é como uma almofada entre as vértebras da coluna. Ele absorve impacto, dá flexibilidade e mantém o equilíbrio postural.
Com o tempo — e com os hábitos errados — essa estrutura começa a se desgastar.
Passar horas sentado, carregar peso de forma errada, dormir em posição inadequada e até o estresse constante fazem o disco perder hidratação e elasticidade.
Quando a pressão aumenta demais, ele se projeta para fora e comprime um nervo. É nesse momento que surgem os sintomas.
Histórias reais do consultório

Lembro bem de um paciente que chegou com medo até de se abaixar. Trabalhava o dia todo sentado e acreditava que o problema era apenas “postura”.
Durante a avaliação, vimos que a hérnia não era recente — o corpo estava sobrecarregado há anos.
Com o tratamento manual e exercícios de fortalecimento específicos, ele voltou a andar, dirigir e até viajar sem dor.
Outro caso marcante foi de uma paciente que evitava qualquer movimento por medo de piorar a hérnia.
Após três sessões, ela percebeu que o corpo “pedia” movimento, e que o repouso total só aumentava a rigidez e o desconforto.
“O que cura a hérnia não é ficar parado — é se movimentar com consciência.”
As verdadeiras causas da hérnia de disco
A hérnia raramente é causada por um único evento. É o resultado de pequenas agressões repetidas ao longo do tempo.
Veja as principais causas que observo nos atendimentos:
- Sedentarismo: músculos fracos deixam a coluna vulnerável.
- Má postura no trabalho: longas horas curvado sobre o computador.
- Levantamento de peso inadequado: usar a coluna, e não as pernas, para sustentar cargas.
- Obesidade: aumenta a pressão sobre os discos intervertebrais.
- Fatores emocionais: o estresse e a ansiedade elevam a tensão muscular e pioram a dor.
- Falta de hidratação: os discos precisam de água para manter sua estrutura.
O tratamento que vai além da dor
O tratamento conservador da hérnia de disco não é apenas aliviar a dor — é ensinar o corpo a se proteger novamente.
No consultório, trabalhamos três pilares fundamentais:
- Osteopatia: para aliviar a compressão e restaurar o movimento articular.
- Exercícios específicos para coluna: para reeducar o corpo e devolver estabilidade.
- Mudança de hábitos: corrigir posturas, melhorar o sono e ajustar o ambiente de trabalho.
O resultado é uma coluna mais resistente e um corpo mais inteligente no movimento.
A importância do fortalecimento
É comum o paciente dizer: “Mas eu não posso fazer força, doutor!”.
Na verdade, é o contrário: sem força, a dor volta.
Os exercícios de fortalecimento do core (músculos abdominais, lombares e glúteos) são essenciais para absorver impacto e reduzir a sobrecarga nos discos.
O corpo forte não é o que faz esforço o tempo todo — é o que se equilibra com eficiência.
Conclusão
A hérnia de disco não é uma sentença, é um aviso.
Ela mostra que chegou a hora de cuidar do corpo de forma mais consciente, com movimento, força e equilíbrio.
Ficar parado é o que piora a dor.
Mover-se com orientação é o que devolve liberdade.
Autor: Dr. Gabriel Santos – Fisioterapeuta Osteopata, Especialista em Coluna







