Você já reparou que, nos dias em que está mais ansioso ou sobrecarregado, a dor nas costas parece piorar?
Pois é. Não é coincidência — é ciência.
A dor nas costas não vem só de um “mau jeito” ou de passar muito tempo sentado. Muitas vezes, ela nasce de tensões emocionais que o corpo não sabe como descarregar. É como se ele gritasse, em forma de dor, aquilo que a mente está tentando suportar em silêncio.
💥 Quando a mente pesa, o corpo sente

Imagine o seu corpo como uma orquestra. Quando o maestro (seu cérebro) está calmo, todos os instrumentos tocam em harmonia. Mas quando vem o estresse, o maestro começa a acelerar o ritmo — e os músculos tocam cada vez mais forte.
O sistema nervoso entra em modo de alerta, liberando hormônios como adrenalina e cortisol — os mesmos que nos preparam para reagir em situações de perigo.
Só que o problema é que hoje o “perigo” não é mais um leão na floresta, e sim prazos, preocupações, contas, ansiedade e excesso de estímulos.
Com o tempo, o corpo permanece travado, especialmente na região do pescoço, ombros e lombar. A musculatura que deveria relaxar depois do estresse, fica em contração constante, gerando dor, rigidez e cansaço.
🔁 O ciclo que alimenta a dor
A tensão emocional cria contraturas musculares → o corpo sente dor → você se movimenta menos para “não piorar” → os músculos enfraquecem e travam ainda mais → e a dor volta com mais força.
Esse é o ciclo tensão–dor–tensão, que prende muita gente em um sofrimento que parece não ter fim.
E o mais curioso? Mesmo quando exames de imagem mostram que “está tudo normal”, o corpo continua doendo — porque a origem pode estar no sistema nervoso e emocional, e não apenas na estrutura da coluna.
🧬 O que a ciência mostra
Pesquisas recentes mostram que o cérebro interpreta as emoções e a dor em áreas muito próximas — principalmente a amígdala e o córtex pré-frontal.
Quando o estresse é constante, essas regiões ficam mais sensíveis, e o corpo começa a reagir com dor a estímulos que antes não doíam.
O excesso de cortisol, o hormônio do estresse, também reduz a produção de serotonina e dopamina, substâncias ligadas ao bem-estar. O resultado?
O corpo sente mais dor, o humor piora, e o ciclo continua.
🌿 O tratamento da coluna: mais do que só “destravar”
Cuidar da coluna vai muito além de alongar ou tomar remédio.
A verdadeira recuperação começa quando o corpo aprende a sair do modo de alerta.
Na prática, o tratamento envolve três pilares principais:
1. Reequilibrar o corpo
Através de técnicas manuais e osteopatia, é possível liberar as tensões acumuladas nas articulações e nos músculos, restaurando a mobilidade e o fluxo natural do movimento.
2. Fortalecer e reeducar
Movimentos simples e direcionados ajudam o corpo a recuperar a confiança em se mover sem medo. Exercícios de estabilidade, mobilidade e respiração ensinam a coluna a trabalhar de forma inteligente — e não sob esforço.
3. Acalmar o sistema nervoso
Métodos de respiração, alongamentos conscientes, caminhadas leves e práticas de relaxamento (como meditação ou mindfulness) ajudam a diminuir a atividade do sistema nervoso simpático e a devolver ao corpo o equilíbrio entre força e descanso.
💬 Um corpo em paz vem de uma mente em paz
Você não é só um conjunto de ossos, músculos e articulações.
Você é um sistema integrado — físico, emocional e mental.
Por isso, quando o corpo fala em forma de dor, ele não está “te castigando”; está pedindo atenção.
Com o tratamento certo, acompanhamento especializado e mudanças graduais de estilo de vida, é possível aliviar a dor, recuperar o movimento e retomar o controle do corpo e da mente.
✳️ Em resumo
A dor nas costas é, muitas vezes, a linguagem física de uma mente sobrecarregada.
E tratar a coluna de forma eficaz exige olhar para o todo: o corpo que sente, a mente que reage e o estilo de vida que alimenta esse ciclo.
A boa notícia é que esse ciclo pode ser quebrado — e o primeiro passo começa com consciência, movimento e cuidado.
Por Dr. Gabriel Santos
Fisioterapeuta e Osteopata – Especialista em Coluna Vertebral







